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V

Não há bebedeira sem promessa. Ou sem choro, mesmo que verta por dentro à mistura com o alcool. Também não a há se não houver a gargalhada despropositada, aquela que soa mais alto que todos os outros ruídos e nos atrai aos olhares de terceiros que nos condenam no acto a um purgatório seco onde não pinga uma gota, nem de água sequer.
Estou na fase da promessa.
Já vomitei o excesso e o fundo que reside no meu organismo é a réstia de consciência que me leva a prometer não voltar a beber desta maneira.
Nunca ouvi da boca de Simone estas promessas. Bebía como uma esponja quando era dia de beber como uma esponja, embebedava-se e quase tranquilamente entregava o corpo mole a quem estivesse com ela nesse momento. Sem exigências, sem queixas, sem pedir desculpa. Não prometía a ninguém que da próxima não havería próxima ou não voltaría a encharcar-se até perder a alma do corpo.

Estive com ela muitas vezes nesses momentos.

Tantas que aprendi que o que nos deixava alcançar era sempre e só o corpo. Da alma ela sempre manteve o pulso forte para nós não a tocarmos.

Estou pronto para mais uma rodada.

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